segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Esporte: Paradoxal, Corinthians faz 98 anos sem saber o que comemorar

Quatorze vitórias, seis empates e apenas duas derrotas, líder isolado com seis pontos de vantagem sobre o segundo colocado e ainda melhor ataque e defesa. Esse seria o presente dos sonhos de qualquer corintiano pelos 98 anos do clube, se não fosse por um problema. Essa campanha está sendo realizada na Série B do Campeonato Brasileiro. Dessa forma, em um turbilhão de sentimentos, o torcedor ainda tem motivos para celebrar, mas também não vê a hora de superar essa temporada.Ao longo da sua história, o rebaixamento para a Série B é apontada como uma das piores passagens do clube ao longo dos anos. Tanto que, mesmo que o Corinthians fique com o título da competição, muitos torcedores defendem a idéia de simplesmente ignorá-lo.Esse paradigma chegou também aos jogadores. Desde o começo da Série B, o discurso do elenco sempre foi em torno do "principal objetivo" do time, que era uma vaga à elite. Porém, com a facilidade com que a equipe vem trilhando seu caminho pela Segundona, o desejo em também ficar com a taça vem se tornando crescente.Além disso, assim como tem acontecido nos últimos anos com grandes times do futebol nacional, a queda para a Segundona e, consequentemente, uma boa campanha na Série B, fortaleceram os laços entre o clube e o seu próprio torcedor, relacionamento que correu riscos de ruir depois do péssimo desempenho no ano passado.Uma prova foi o projeto "Eu Nunca Vou Te Abandonar", campanha lançada após a queda para a Série B. Apesar de ser uma ação despretensiosa, como já afirmou diversas vezes o vice-presidente Luis Paulo Rosenberg, esse movimento fez com que os corintianos ostentassem com orgulho a sua paixão e, em contrapartida, despertou o clube para uma realidade, até então pouco explorada: a do marketing.Dessa forma, em baixa dentro de campo, mas ciente da sua capacidade comercial, o Corinthians fechou o maior patrocínio da história do futebol brasileiro, estruturou um contrato inédito de transmissão com a maior emissora de TV do país, gerando uma grande receita, ganhou parceiros como um banco e uma gravadora e passou a usar sua marca em empreitadas que vão do automobilismo a uma agência de viagem.Esse espírito de vanguarda defendida pelo dirigente contrasta com heranças pouco felizes para o clube. Uma delas é a ausência de um grande estádio para mandar seus jogos, principalmente após mais uma proposta ter sido descartada depois de uma novela com muitos desencontros.Enquanto isso, o clube se agarra à matemática para enterrar, o quanto antes, a sua passagem pela Série B. Pelas contas do próprio técnico alvinegro, mais cinco vitórias devem ser suficientes para dar a tão sonhada vaga à elite do futebol. Apesar do "atraso" de 23 dias em relação ao aniversário, este presente deve ser o mais comemorado dos últimos anos.

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